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O trânsito alucinou

Se a pandemia teve um efeito colateral dramático em São Paulo, com certeza foi a piora do trânsito. Ao longo de 2020, por conta do isolamento social, as ruas ficaram vazias e caíram nas mãos, ou nas rodas, dos motoqueiros e ciclistas entregadores de delivery. Até aí, tudo bem, não tinha muita gente nas ruas, então podiam fazer o que quisessem, da forma que quisessem. E eles fizeram. Entraram de sola, não perdoaram sinal, contramão, Zona Azul ou qualquer outra regra que pretendesse colocar alguma ordem no caos nosso de cada dia.

Os poucos carros e caminhões que circulavam também se sentiram no direito de fazer o que quisessem e fizeram. Entraram com torcida e camisa do clube pelas ruas vazias, fazendo toda sorte de barbaridades possíveis de serem praticadas.

Como tinha pouco movimento, os acidentes caíram nas estatísticas, não porque tenham diminuído proporcionalmente, mas porque diminuíram em termos absolutos, o que reduziu o número de mortos e feridos, dando a falsa ideia de que as coisas estavam melhores. Não estavam.

Foi apenas o reflexo de um momento atípico, que durou um certo tempo, mas que passou, como passou qualquer preocupação do brasileiro com os mil mortos por dia, vítimas do coronavírus.

Só que, com a volta do trânsito ao normal pré-pandemia, as coisas não voltaram ao que era. Ao contrário, pioraram muito e o resultado é o aumento do número de vítimas de acidentes de motos atendidas nos hospitais da Capital.

Não é preciso estudo mais profundo para entender o que está acontecendo. É seguir pelas ruas da cidade para ver que a pouca ordem que tinha antes foi para o espaço. Agora, cada um faz o que quer, tanto faz o que o outro queira. E aí só pode acabar mal.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.