O incêndio da Cinemateca
A cinemateca pegou fogo. Nada que não estivesse no radar desde que o atual Governo Federal assumiu. O descaso com as artes e a cultura atingiu nível de terror, como se o bacana no mundo fosse brincar de mocinho e bandido ou de guerra, até com um desfile militar bastante constrangedor, Esplanada dos Ministérios a fora.
Pode mais quem chora menos. Até agora, quem está chorando é a sociedade brasileira, com seus mais de 550 mil mortos pela covid19; seus 14 milhões de desempregados; seus mais de 20 milhões em situação de vulnerabilidade pela fome; e 100 milhões ganhando até um salário-mínimo.
Cultura não é sequer confundida com lavoura. Não estão nem aí se o produtor agropecuário brasileiro vai ou não vai vender para a China porque um boçal alçado à ministro – nada de novo no país – xinga o grande comprador de nossa produção.
A Cinemateca pegar fogo faz parte de uma trajetória dramática, que não começou neste governo, mas que com ele ficou mais perigosa.
A reinauguração do Museu da Língua Portuguesa teve como contraponto o incêndio da Cinemateca. Uma mão lava a outra. Você arruma aí que eu desarrumo aqui.
Não custa lembrar que o Museu da Língua Portuguesa pegou fogo. Que o Museu Nacional pegou fogo. Que o auditório do Memorial da América Latina pegou fogo. E que o Museu do Ipiranga foi fechado porque tinha o risco concreto de vir abaixo, derrubado pelas chamas ou pela falta de manutenção.
Nossos líderes querem é grana no bolso. O resto é bobagem. Cultura, educação, saúde, segurança pública, assistência social, emprego, aposentadoria, é tudo balela. É não pagar e pronto. O que vale é quanto cada um leva. Aí, o pagamento é imediato.
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