Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Incêndio rural é coisa séria

Só quem já viu consegue dimensionar a velocidade e a força de um incêndio num pasto ou num campo seco. O fogo avança rapidamente e é quase impossível combater as chamas que crescem sem controle, alimentadas pela palha seca que cobre o chão.

Mais impressionante é ver as chamas descontroladas subirem, se espalharem pela área e avançarem em direção ao jardim, depois, às construções do sítio ou da fazenda.

Mas complicado mesmo é ver o fogo seguir seu caminho e não ter como detê-lo, não ter como fazer as chamas desviarem, tomarem outra trilha e pouparem as benfeitorias ameaçadas.

Para piorar, o vento quente que sopra insuflado pelo fogo aumenta o poder de destruição, leva as brasas mais longe, espalha e engorda as chamas, dando o oxigênio que elas precisam para ficarem mais fortes.

O duro é pedir ajuda e não conseguir. Não conseguir a comunicação com a defesa civil, com as autoridades, com os bombeiros. Telefonar e telefonar sem ser atendido ou, quando atendido, não receber a atenção devida ao caso, a ameaça real que cerca sua casa.

Minha amiga Ivette passou por isso faz pouco tempo, no bairro Rainha, em Louveira. O fogo ameaçou invadir a casa de sua vizinha e, por mais que tentassem, não conseguiam chamar os bombeiros ou os brigadistas porque o telefone não completava a ligação.

O fogo foi dominado na marra pelos vizinhos trabalhando juntos. O socorro oficial chegou uma hora depois, quando a situação já estava controlada. Quem conhece Louveira sabe que não tem 5 quilômetros entre a cidade e o lugar onde aconteceu o incêndio. E, no entanto, o socorro levou uma hora para chegar. É isso que não pode acontecer. Os danos muitas vezes são irreversíveis.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.