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Chove chuva

“Chove, chuva, chove sem parar”, já dizia o antigo sucesso da música brasileira. Tem chovido e chovido muito, mas ainda está longe de ser o mínimo necessário para restaurar a capacidade das represas do centro, do sudeste e do sul do país.

A situação tende a melhorar, mas isso não quer dizer que as chuvas que estão caindo em volumes consideráveis se manterão nesses patamares ao longo dos meses de verão, quando a estação chuvosa deveria equilibrar a capacidade dos reservatórios. Ao contrário, as previsões apontam menos chuva do que o normal e, como estamos em limites críticos, pode ser que no fim do verão ainda não tenhamos atingido níveis confortáveis para enfrentar as necessidades nacionais de água e geração de energia em 2022.

Como as chuvas estão caindo em volumes importantes é mais do que possível que não tenhamos racionamento de energia, se bem que o de água já está funcionando a todo o vapor em várias cidades do interior de São Paulo. E a SABESP tem reduzido a pressão em suas tubulações, o que deixa os moradores de determinadas regiões da Grande São Paulo sem água por longos períodos.

São Pedro, tradicionalmente, gosta dos brasileiros. Nos coloca em sinucas de bico, mas no final abre a torneira do céu e deixa a água cair, recompondo as reservas necessárias para tocarmos em frente com menos prejuízos do que muitos outros países.

O problema é que literalmente estamos brincando com fogo e quem brinca com fogo pode acabar se queimando. As queimadas na Amazônia são, em grande parte, obra do ser humano ou pelo menos de gente que não olha pra frente e não vê que não pode dar certo.

A diminuição da floresta está aumentando a estiagem. Quem vai pagar a conta da falta d’água somos nós. E ela vai ser salgada.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.