Tio Caco

Por conta da crônica das orcas atacando um veleiro em Portugal, recebi uma série de mensagens perguntando quem foi tio Caco. E cheguei à conclusão que, pela sua história, amizade com meu pai e ser parte importante em passagens da minha vida, ele merecia uma crônica.

Tio Caco se chamava Marco Antonio Vieira de Carvalho. Primo irmão de meu pai, filho de uma irmã de minha avó, minha primeira lembrança não é dele, é de Tia Judith, sua mãe, em seu Cadillac rabo de peixe, levando os sobrinhos netos no cinema.

Depois – as lembranças estão fora de ordem – me lembro dele no seu JK, então o melhor carro brasileiro, numa viagem que eu nunca esqueci, da fazenda ao aeroporto de Viracopos, na década de 1960. Quando vimos pela primeira vez um grande Boing 707 taxiando na pista, ele disse: “parece um pesqueirão”.

O universo de tio Caco era o mar. O mar e o mato. Me lembro dele sempre tendo barco. Pequeno, me recordo da Colibri, então a lancha de meu pai e de tio Júlio Salles, vendida por ele, quando comprou a Boa Vida, uma Cris-Craft de mais ou menos 35 pés.

Depois teve um veleiro classe Brasil e, na sequência, o Adriana, um pesqueiro transformado em barco de passeio, dos barcos mais confortáveis que eu naveguei, e no qual cruzei a costa paulista e Angra dos Reis, durante muitos anos. A popa do Adriana era confortável como um salão e era lá que ficávamos no fim do dia, os adultos conversando e os meninos sapeando.

Seu último barco importante foi o Albardon, comprado de meu tio Ruy. Tio Caco foi comodoro do Iate Clube de Santos por algumas décadas. Era no mar e na sua fazenda na Serra do Mar que ele se sentia bem. Ele conhecia e entendia os dois universos como pouca gente. Próximos até sua morte, em meados de 2000, até hoje lembro muitas de suas histórias.

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