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Crucificação

É interessante lembrar que a maioria das pessoas, quando pensa na crucificação do Cristo, imagina uma cena quase bucólica, asséptica, limpa e sem sangue, com três cruzes de encontro ao horizonte e três pessoas crucificadas como se estivessem placidamente dormindo.

Mas a realidade é completamente diferente. A crucificação era a forma mais cruel e dolorida de execução da pena de morte. Era tão bruta e humilhante que era reservada praticamente apenas para os escravos e os criminosos acusados de crimes hediondos.

O martírio do Cristo começa quando ele é entregue aos soldados romanos, que o despem, colocam uma coroa de espinhos em sua cabeça e o chicoteiam impiedosamente, rasgando sua pele e sua carne com as tiras das chibatas com pequenas bolas de ferro nas pontas.

No dia seguinte, o Cristo sai da prisão em direção ao Calvário, atravessa as ruas de Jerusalém com a cruz às costas, chicoteado ao longo do percurso pelos guardas que o conduziam ao martírio. Ele cai três vezes e sua exaustão é de tal ordem que os soldados obrigam Simão Cireneu a carregar a cruz durante parte do percurso e a Verônica grava a face do condenado no pano com que limpa o sangue e o suor de seu rosto.

A crucificação é brutal. Jesus é despido de suas roupas ensanguentadas, deitado na cruz, amarrado e pregado a ela com grandes cravos, que aumentam a dor e o sofrimento, forçando as mãos e os pés com o aço atravessado de lado a lado de seu corpo.

Crucificado, ele fica pendurado pelos braços, o que o sufoca, em função da posição, enquanto as pernas procuram desesperadamente o apoio do calço inclinado colocado sob seus pés, na vã tentativa de diminuir a dor e respirar mais fácil.

Durante horas, ele padece dor, sede, calor e fraqueza, até que, exausto o corpo, entrega a alma e, com a morte, termina o sofrimento.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.