Dois Brasis
Tem dois Brasis completamente diferentes, como se estivessem em planetas espelhados, um o contraponto do outro, um a negação e a assertividade do outro.
O Brasil deles e o nosso Brasil. São completamente diferentes.
O nosso está em recessão técnica, tem mais de 13 milhões de desempregados, milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade para fome, gente morrendo a tiro, atropelada, de doenças clássicas e de covid19.
A situação está feia, a inflação está na casa do chapéu, os crimes contra o patrimônio estão em alta, o roubo de celulares atingiu níveis inéditos, o crime organizado nada de braçada, a impunidade ultrapassou todos os limites, as dívidas do governo não serão pagas e o povo… ora, o povo… o povo que se dane!
Porque o outro Brasil é uma terra abençoada, onde sem se plantar tudo dá, tungado do povo em impostos que viram orçamentos secretos, onde cada um sabe de si e todos os amigos do rei colocam as mãos e são, milagrosamente, abençoados pelo dinheiro que roda fácil entre os dedos e os bolsos, azeitado com salmos e passagens bíblicas do antigo testamento, onde Jeová fica bravo porque os fiéis não pagam o dízimo.
Quanta diferença entre os dois Brasis, ambos reais e verdadeiros. O deles segue no ritmo das festas do Lalau. O nosso acaba num barranco que não dá para subir, com uma enorme onça de boca aberta correndo logo atrás.
É curioso como gente tida como a melhor, na hora do aperto, aparece como se fosse tão ruim quanto álcool adulterado. Mas é mais curiosa ainda a interpretação dos fatos dada por elas.
O fogo do inferno aparece como a luz do sol e o que está errado é má vontade da imprensa. Com dinheiro, para essa turma, o céu é o limite.
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