Um elogio inusitado
Mais ou menos cinquenta anos atrás, uma tia dizia que marido e funcionária a gente não elogia, principalmente para a melhor amiga.
Eu sei que elogiar é a melhor forma de entrar areia na catravanca e dar pau na birimbela. Mas tem momentos em que o elogio é merecido e não pode ser omitido apenas porque não é de bom tom a imprensa elogiar.
Quem se lembrar do começo do ano passado, vai se recordar que, quando o São Paulo ganhou o Campeonato Paulista, choveram elogios, para não falar nos prognósticos e vaticínios de que tinha aparecido o campeão. Não foi bem assim. Seguindo a antiga regra de que não se deve elogiar, o elogio levou o time ladeira abaixo. E a torcida teve como recompensa a campanha mais ordinária da história são-paulina.
Daí eu tenho um pouco de medo de seguir com este texto. Ele é delicado. Se, por um lado, reconhece uma ação importante e faz uma avaliação positiva mais do que merecida, de outro, abre a porta para as fatalidades que acontecem logo depois disso acontecer caírem sobre nossas cabeças.
Pode ser que tenha quem conteste o elogio e diga que na sua região a coisa está girando de outra forma, com tudo dando errado, o serviço sendo malfeito e por aí a fora. O mundo é redondo e o que vai bem aqui pode ir mal ali, faz parte do movimento de rotação da terra. Galileu sabia disso e, na sequência, Newton também descobriu, como descobriu que sorte faz a diferença. Imagine se em vez de uma maçã tivesse caído uma jaca na sua cabeça…
Mas vamos em frente, o futuro ao futuro pertence, espero que não seja um tiro no pé. O fato é que eu tenho que reconhecer que as coisas podem acontecer de outro jeito, completamente inesperado. Só que, quando tudo parecia caminhar bem, o barco fez água e a velha praga dos maus serviços mostrou sua cara. Segue na próxima crônica.
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