Meu sucessor me fará grande
A crônica de ontem narrou a vitória da ilusão sobre a realidade. Me empolguei e elogiei a distribuidora de energia elétrica. Foi um tiro no pé.
Desconsiderando os conselhos de minha tia, a experiência dos torcedores do São Paulo em 2021, a longa tradição brasileira, me empolguei com o começo do verão e fui fundo, num elogio firme e forte das qualidades da empresa responsável pela luz da Capital. Foi um tiro no pé.
A gente não pode fazer esse tipo de elogio porque em seguida dá bobagem. Foi o que aconteceu. Deu bobagem e meus vizinhos e eu pagamos a conta. Ficamos sem luz das 15 horas até às 22 e trinta.
Não seria nada de extraordinário se fosse dia de tempestade, com chuva torrencial, vento forte, queda de árvores ou de galhos em cima da rede elétrica. Por incrível que pareça, foi um dia sem nada disso. Não choveu e o vento não passou de uma brisa leve e agradável, incapaz de causar danos.
O que aconteceu foi o de sempre, na média dos serviços públicos nacionais. Se a distribuidora de água perde entre 30 e 40% da água distribuída nos vazamentos de seus canos, se nossa telefonia é cara e ruim, se o asfalto das ruas é da pior qualidade, se quem cuida do trânsito piora deliberadamente o que está ruim, por que a distribuidora de energia seria diferente? Pior, ela já tinha mostrado que não era, tanto que tem crônica mais antiga com saudades da sua antecessora.
Não foi caso fortuito ou de força maior. O fogo nos fios, que partiu um deles, que por isso ficou caído na rua, foi falta de manutenção e o resto, imperícia e negligência.
O incidente aconteceu às 15 horas. O caminhão de reparo chegou às 17. Daí pra frente foi uma sequência de informações polidas, todas faltando com a verdade, até às 22 horas e 30 minutos, quando a luz voltou.
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