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32 mil pessoas moram nas ruas

A Prefeitura atualizou a estatística. Agora São Paulo tem, oficialmente, trinta e duas mil pessoas morando nas ruas da cidade. Situação de vulnerabilidade extrema. Ninguém mora nas ruas porque quer. Mora porque não tem outro local para morar.

Era evidente que o senso anterior estava defasado. Basta andar pela cidade para se ter certeza que tem muito mais gente em situação de vulnerabilidade social, morando nas ruas, em barracas ou menos do que isso, deitadas em cima de caixas de papelão abertas, cobertas por cobertores velhos, entregues à inclemência do tempo, que, se agora faz calor, traz também as chuvas de verão, com toda a sua violência para castigar milhares de brasileiros, cidadãos como você e eu, que não têm outra chance, que não têm outra alternativa, senão morar nas ruas.

Não estou falando dos moradores da Cracolândia, ou melhor, não estou falando apenas dos moradores da Cracolândia. Eles também são cidadãos, com os mesmos direitos que todos nós, que deveriam ter as mesmas oportunidades que todos nós, mas que estão lá por conta de uma das muitas curvas do destino que acabam levando o ser humano para situações absurdas, independentemente da vontade dele.

Estou falando de famílias inteiras que, por conta da crise e da pandemia, acabaram sendo despejadas, perderam seus lares e seus empregos e hoje vivem em barracas ou debaixo de pontes e viadutos porque não têm outro lugar para morar.

Eu sei que existem milhares de ações de todos os gêneros tentando ajudar, focadas na melhoria da qualidade de vida desses trinta e dois mil paulistanos. De ações em grande escala a doação de um prato de comida, todas são válidas, todas falam de solidariedade. Mas é preciso mais, é preciso repensar o Brasil que nós queremos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.