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A violência se espalha

A violência se espalha rapidamente pelas ruas de São Paulo. É, além do número de mortos e de pessoas com sequelas, a grande herança deixada pela covid19.

Importante deixar claro que violência não é sinônimo de pessoas em situação de rua. Muito embora mais de trinta mil cidadãos vivam nas ruas de São Paulo, eles não são os responsáveis pela violência que grassa pela cidade. Ao contrário, eles são vítimas da violência inominável praticada contra eles, que, por uma razão ou outra, os levou à situação atual.

A violência se reflete na criminalidade que assusta os paulistanos. Criminalidade que mudou de perfil e se tornou muito mais cruel, muito mais dura, na forma como os criminosos atacam, atirando, matando, quebrando janelas de automóveis, ferindo inocentes apenas pelo gosto de ferir, de se sentir poderoso com uma arma na cabeça de alguém indefeso.

Há sadismo na forma como os criminosos agem. Não há razão para machucarem deliberadamente quem não pode se defender. Mas a coisa vai mais longe e se materializa em massacres, em execuções sumárias, em tiros disparados a esmo na direção de uma pessoa e que atingem outras que não têm nada com aquilo.

A violência corre solta nos estupros, nos crimes de ódio, em que pessoas de outro gênero são mortas ou feridas apenas por não serem iguais aos agressores.

Há violência nas campanhas contra a vacina. No negacionismo e na mentira das fake news. Mas também há violência no trânsito, com motoristas completamente destrambelhados pouco se lixando para quem está ao lado. Há violência na falta de respeito a todas as regras. Há violência em sair de casa pronto para enfrentar qualquer um, em nome seja lá do que for. Há violência – e muita – na agressividade cotidiana das pessoas.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.