Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Tinha outra solução?

Andando pelas Pitangueiras, no Guarujá, coisa que faço desde que sou criança, atravessando as duas praias para bater três vezes a mão no muro das Asturias e voltar e bater no Morro do Maluf, eu olho o paliteiro que foi erguido, olho o mar do outro lado e me pergunto se tinha outra solução.

Será que o Guarujá tinha como permanecer o lugar mágico, calmo e gostoso que foi até a década de 1960? Será que teria espaço para a avenida calma de frente para o mar? Para a estradinha de pista simples que cortava a Enseada e seguia para Pernambuco? Será que dava para continuar a aprender a dirigir na praia da Enseada? Na praia do Perequê? Tinha como a Enseada não virar um paliteiro baixo e atarracado, com centenas de prédios dividindo os espaços com locais tradicionais que eu nem sei se ainda existem, como o Âncora ou Il Faro?

E Pernambuco, com suas casas maravilhosas, tinha como não ter o Golfe e o Acapulco?

Tinha como não ter a festa de bares e restaurantes do Perequê? A Marina mais pra frente? Tinha como não ter São Pedro e Iporanga?

Pitangueiras, na década de sessenta, já tinha a maioria dos prédios da avenida Marechal Deodoro. Faltava construir para o fundo e isso foi sendo feito ao longo dos anos 1970.

Depois, foi a vez das Asturias, primeiro pé na areia, depois o fundo. Enquanto a praia do Tombo, movida por força própria, crescia em silêncio, sem chamar a atenção, até estar completamente ocupada para hoje começar a ser devorada pelo mar.

Estou convencido que não tinha como ser de outra forma. A proximidade com a Grande São Paulo, a magia do nome, a beleza das praias eram imãs muito fortes. O Guarujá não tinha outra solução. E eu continuo gostando dele, como sempre gostei, desde criança.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.