Ninho de estrelas
Mais bonito do que o chão de estrelas onde “tu pisavas os astros distraída” só um ninho de estrelas. Um ninho onde as pequenas estrelas fossem chocadas, para depois de um certo tamanho, já capazes de brilharem sozinhas, saírem pelo universo, integrando uma nova constelação, para aumentar as galáxias e fazê-las luzir mais, enchendo o céu com o brilho mágico de sua luz especial, que fala ao coração, traduzindo para alma a linguagem das fadas.
Imagine o nascimento de uma estrela como o nascimento de uma pequena ave. A casca do ovo se quebrando e de dentro dele, indefesa, trêmula, sem firmeza e com medo, sair uma estrela, uma jovem estrela incerta de seu futuro, de suas chances num enorme universo cheio de buracos negros, de perigos de todas as formas, que as ameaçam e ao seus dias de luz – bilhões de anos que podem acabar antes mesmo dela entender o que está acontecendo.
Que imagem pode ser mais terna do que a de uma pequena estrela crescendo aos poucos, protegida e acarinhada pelo calor amigo do ninho que a defende do universo hostil que a espera lá fora!
A imagem é poesia pura! Delicada, suave, inacreditavelmente humana.
E no entanto é verdadeira!
O ninho de estrelas existe e foi fotografado pelas lentes potentes e indiscretas do telescópio Hubble!
Lá longe, além do que nossa imaginação poderia prever; depois da última galáxia imaginável; na forma de três torres irmãs, o ninho de estrelas faz da poesia realidade, criando-as e engordando-as como que em um útero, para, depois de prontas, numa explosão termonuclear incrivelmente forte, arremessá-las para o espaço, uma depois da outra, e assim, sozinhas, seguirem seu destino de estrelas e ocuparem o seu lugar no intrincado trançado que são as constelações e as galáxias que compõem o universo.
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