Uma barbaridade
Em 2021, mais de cinquenta e seis mil mulheres foram estupradas no Brasil. É um número apavorante que, colocado de outra forma, dá conta de que uma mulher foi estuprada a cada dez minutos.
Mas esses são números baseados nos casos noticiados à polícia. De verdade, o número é muito maior. Um número absurdamente alto de casos de estupros é mantido em segredo por vergonha, medo, conveniência, cumplicidade e mais qualquer outro argumento utilizado para esconder um crime brutal, quem sabe a agressão mais forte e cruel que um ser humano possa sofrer.
O número inclui adultos e crianças, mulheres, meninas e adolescentes incapazes de se defender, de pedir ajuda, de gritar a dor sem tamanho que o ato causa, a ferida no corpo e no espírito, a cicatriz brutal que não tem cura e marca por toda a vida.
Não há crime mais hediondo e covarde do que o estupro. Qualquer estupro é uma barbaridade e, quando ele atinge uma criança indefesa, incapaz de entender o que acontece com ela, a monstruosidade ultrapassa todos os limites e coloca o agressor no plano dos monstros mitológicos condenados a penas de suplício eterno, não para sua redenção, mas para vingar a afronta e punir exemplarmente o culpado.
O estupro não tem perdão. Não é uma invenção nacional. Ele acontece no mundo todo e é apavorante saber que, na maioria dos casos, é praticado por alguém próximo da vítima, inclusive o próprio pai.
Em 2019, número de estupros havia caído no Brasil. Com a pandemia e a isolamento social, o crime voltou a subir e, em 2021, chegou ao número absurdo de mais de 56 mil casos reportados à polícia.
O mais triste é que, sem denúncia, esse crime tende a se repetir, agredindo a vítima mais um sem número de vezes.
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