Rio Pinheiros mais limpo
A notícia merece comemoração: as águas do Rio Pinheiros estão mais limpas! Quer dizer, a despoluição do rio avança dentro das metas previstas e isso é muito bom.
Quem pedalou às margens do rio alguns anos atrás sabe o que quer dizer cheiro ruim. Havia trechos que exigiam quase que o uso de máscaras contra gás mostarda, utilizadas na Primeira Guerra Mundial.
Era cheiro para ninguém colocar defeito, reforçando o líquido grosso que fingia ser água, mas tão ruim que até as capivaras reclamavam.
A imundície era a marca registrada na longa calha do rio. Para cá ou para lá da Usina da Traição, as águas do rio Pinheiros eram veneno puro, matavam todos os monstros, da Cuca e da Mula Sem Cabeça para fora.
Os únicos realmente felizes com a situação eram os mosquitos. Nessa época, o Projeto Pomar já estava em ação, mas seus benefícios ainda não eram perceptíveis. Foi a época em que o idealizador do projeto foi retirado das fotos oficiais. Exatamente como acontecia na antiga União Soviética, Fernão Mesquita, o pai do Projeto Pomar, foi apagado das fotos. Do dia para a noite, as imagens do começo da ação que vai reflorestando as margens do rio Pinheiros não tinham mais o pai da ideia.
Mas o cheiro seguia firme e forte, indiferente ao que fizessem em volta. Com o tempo e a insistência nas ações para recriar a cena, as águas grossas e fétidas começaram a mudar de cara. Foram ficando mais parecidas com água, mais leves e mais finas, mais amigáveis para os primeiros peixes que ocuparam certos trechos do rio.
Agora chega mais uma notícia boa. 85% do rio está com as águas muito mais limpas, despoluídas, seguindo o cronograma do projeto destinado a fazer o Pinheiros voltar a ser um rio vivo.
Pode parecer incrível, mas o Brasil ainda tem notícia boa.
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