É muito complicado
Alguém mais velho e mais experiente já disse que o Brasil não é para amadores. Não é preciso levar nenhuma rasteira para entender o que ele quis dizer. Ver televisão ou ler jornal é suficiente para mostrar a complexidade nacional e como é difícil tentar colocar alguma ordem na geleia geral, que escorre solta de um lado para o outro.
Quando a eleição mais importante das últimas décadas será resolvida não pela escolha do melhor candidato, mas pela eleição do cidadão com menor rejeição, tem alguma coisa profundamente errada.
Mas é isso que nós temos. E a coisa fica mais complicada quando assistimos a composições esdrúxulas, viabilizando chapas inimagináveis, até pelas carreiras dos envolvidos.
A população não acredita no Executivo, não acredita no Legislativo e tem sérias dúvidas sobre o Judiciário. Não é possível dizer que a maioria dos brasileiros está errada.
Da mesma forma, quando inimigos declarados dos corruptos entram nos partidos chefiados pelos corruptos, fica muito difícil entender o que está acontecendo. Afinal, se ele é inimigo do corrupto, como ele está lá, de braços erguidos, segurando a mão do cidadão?
Quando altos representantes da justiça, com poder de veto, usam este poder de forma a servir seus interesses pessoais e não ao império da lei, alguma coisa está podre no reino da Dinamarca.
Quando a relativização da verdade se torna regra, alguma coisa está fora de lugar, até num país difícil de entender e que não foi planejado para amadores, nem por amadores.
Como perguntava minha avó, qual será o final disso tudo? Quem viver verá, mas desde já o Centrão tem forte chance de ser o sobrevivente, com tudo de complicado que a certeza joga na mesa.
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