A guerra é aqui
O Brasil está chocado com a guerra na Ucrânia, a invasão bárbara e sem sentido promovida pela Rússia contra um país de passado heroico e que, nos últimos mil anos, foi, junto com a Polônia, o para-choque entre a Rússia e a Alemanha.
Kiev nem sempre foi território russo, como não é hoje, apesar da enorme desproporção de forças entre os dois lados em luta. Parece que a Rússia, com toda sua superioridade, errou o cálculo, armou o bote e fez a coisa errada, na hora errada, esperando uma passividade que não aconteceu.
Mas se o Brasil chora os mortos ucranianos, o Brasil não chora os mortos brasileiros, caídos direta ou indiretamente em função da guerra surda que corre solta no país já faz muitos anos.
Entre mortos e feridos estão crianças, gente que não tem nada com isso, vítimas de balas perdidas, de engano dos bandidos, mortos porque estavam no bar errado, na hora errada.
As chacinas são rotina nas periferias. Execuções acontecem em todas as áreas, tanto faz se rica ou pobre. O latrocínio é rotina e os bandidos não têm medo porque sabem que em pouco tempo estarão nas ruas.
Parte da sociedade, numa inversão absoluta dos bons valores, vê os policiais como o inimigo e o bandido com uma espécie de Robin Hood que assalta e mata porque é bonzinho. O problema é que não é.
Está tudo errado. Quem está atrás das grades, prisioneira do medo e da falta de segurança é a pessoa de bem. A rua é dos bandidos, que não sentem qualquer remorso, nem medo das consequências do que fazem.
Quando os maus exemplos vêm de cima, fica difícil querer outro comportamento de quem assiste a aula ao vivo e em cores pelos celulares, tablets e TVs. Aí fica difícil perceber que a guerra não é lá, é aqui.
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