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A felicidade e as coisas simples

A felicidade existe sim, e não é só uma árvore toda arriada de dourados pomos que nós pomos onde não estamos, ou estamos onde não a pomos. A felicidade existe sim, e vive nas coisas mais simples.

Para encontrá-la não é preciso atravessar oceanos, nem buscar o pote de ouro no fim do arco-íris. A felicidade está muito mais perto, aliás, ela está sempre perto, e só depende de nós vê-la e cultivá-la.

Sem varinhas de condão, sem encantamentos, a felicidade é a própria mágica, que se multiplica sozinha, numa dança engraçada – ela e a nossa sensibilidade.

Ser feliz é não ter medo de rir… e não ter medo de chorar. Deixar as lágrimas se misturarem ao riso que alegra os olhos e que faz mais fácil a vida.

É deixar os pequenos gestos terem o seu real tamanho e respeitá-los porque normalmente os pequenos gestos são muito maiores do que os grandes.

Há muito mais verdade numa flor que é entregue como prova de carinho do que na lei que acaba com a pobreza, assinada com caneta de ouro.

A felicidade não se esconde. Somos nós que não conseguimos enxergá-la. Ela é tão delicada, tão comum, que nós a perdemos, correndo atrás de sonhos mirabolantes, de riquezas e de palácios que nos afastam dela, dando-nos a ilusão de que vamos encontrá-la.

Aliás, a verdadeira felicidade não é encontrável. Ela é parte da gente, por isso ela vivida. E vivê-la é um arte.

Vivê-la depende de toda uma série de vontades e posturas que começa pelo respeito ao próximo e pela alegria de vê-lo feliz.

Nada é mais bonito do que a pessoa amada feliz e nada nos dá mais felicidade do que fazê-la feliz.

Assim, para que a felicidade seja real e parte da nossa vida é preciso fazer ao próximo mais do que nós fazemos para nós mesmos. É preciso que o próximo, que é quem nós amamos, nos olhe com um brilho que não precisa de palavras para ser explicado.

É preciso que o gesto seja eternamente leve porque a pessoa amada é delicada e um gesto brusco pode machucá-la, mesmo sem querer.

É preciso que a vida seja vista com olhos de criança, que os sonhos valham a pena e que a gente lute por eles.

A felicidade são os sonhos vividos juntos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.