A enxurrada de ipês
Se os ipês roxos chegaram para mostrar o que vem pela frente, então São Paulo está com tudo e não está prosa. Vai ser um inverno rico em flores, cada uma na sua hora, quase todas proporcionadas pelos ipês plantados pela cidade, que agora vão descarregar o branco, o amarelo e o rosa.
Quem pode pode, quem não pode se sacode. Coitada da cidade que não tem árvores e menos ainda floradas como São Paulo, que floresce de janeiro a dezembro e começa de novo, com mais de uma planta entrando em cena ao mesmo tempo.
Os ipês roxos mostraram do que são capazes e como conseguem mudar o clima do dia, transformando uma manhã de vergonha, por conta das sandices que sacodem a pátria, numa manhã de festa, nos cachos balançando como se o mundo fosse deles.
Flores são flores e todas são belas. Algumas são mais belas, outras mais singelas, outras grandiosas, mas todas essencialmente belas. Que o digam as poderosas orquídeas do alto de sua vaidade, mas que o digam também as pequenas violetas em seus vasos de plástico colocados nas janelas das cozinhas.
Umas e outras têm seu mistério, seu encanto e enfeitam a vida e falam dela em exemplos que nem todo mundo percebe, mas que estão aí, abrindo os caminhos de quem olha com o coração.
Eu poderia contar histórias compridas de paineiras floridas discutindo com os sabiás pousados nos galhos sobre a importância da chuva.
Poderia falar das tipuanas e suas pequenas flores amarelas, que quase passam em branco se não forrassem o chão duro com as cores do sonho.
Mas não tenho que falar nada. Os ipês fazem isso muito melhor. Que venham em enxurrada e que alegrem a vida!
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