Piorou a forma de fazer
O trânsito na cidade piorou depois da pandemia. Mas não piorou porque tem mais carros nas ruas, não. Piorou porque piorou a forma de fazer. As pessoas estão mais egoístas, olhando só o próprio umbigo. Dane-se se a lei diz que não pode. “Eu quero, eu faço”.
O cidadão vai a cinquenta pela rua, de repente breca, lembra de ligar o pisca-alerta e para. Mas para na rua! Não encosta, não tenta se encaixar num buraco em que não atrapalhe… Ele para na pista, pouco se importando com o nó que nasce atrás dele, com a rua congestionada, com o cruzamento fechado. Para ele é ele e mais nada. Tanto faz o que os outros queiram ou digam, ele para e para o mundo, porque ele parou onde não podia, por mais tempo do que o razoável.
A regra vale para caminhão de entrega de bebida, mãe buscando filho na escola, motoristas em geral, motoristas especiais e o mais que anda pelas ruas.
Pode mais quem grita mais, quem é mais mal-educado, quem não respeita o próximo, porque não sabe que nas democracias sua liberdade termina onde começa a do outro.
O outro, sinceramente, que se dane. Não é problema meu. Eu tenho o direito de fazer isso ou não fazer, tanto faz se é ilegal, se atrapalha, se não pode… “eu quero, eu faço”.
O mais cruel é que o exemplo vem de cima, na falta de respeito dos que deveriam dar o exemplo com tudo que não lhes interesse, começando por cumprir a lei. “A lei… ora, a lei… A lei é para meus inimigos. Para meus amigos, tudo”, inclusive dinheiro barato.
O triste é que não há luz no fim do túnel, não tem nada que diga que pode melhorar. As sociedades melhoram com saúde e educação. É justamente aí que o governo decidiu cortar porque é ano de eleição.
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