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Por que não uma Mercedes?

[ Crônica do dia 21 de março de 1997 ]

No longo capítulo do automóvel sobre a terra sempre foi possível dividi-los em três grandes categorias: as máquinas, os carros e os meios de transporte. As máquinas são os carros de sonho, que por suas características de luxo ou desempenho se transformam no objeto do desejo de milhões de mortais que jamais terão um, e em símbolo de poder dos privilegiados que sentam em seus bancos.

Os carros são a maioria dos veículos produzidos no mundo. Máquinas razoavelmente construídas, razoavelmente luxuosas, razoavelmente rápidas, que levam a maioria das pessoas razoáveis de um lado para o outro.

Finalmente os meios de transporte podem ser definidos com os ladas e mini Gurgéis que se arrastam pelas ruas.

Entre as grande máquinas de todos os tempos existem algumas que se notabilizaram por preencher todos os quesitos que fazem a diferença entre as máquinas e os carros. E entre elas a estrela de três pontas tem lugar de destaque, tanto pelos modelos luxuosos, como pelos esportivos.

As Mercedes-Benz. São, com raras exceções, máquinas que beiram a perfeição e o seu modelo “Slk” mantém esta tradição. Carro esporte, para duas pessoas, conversível, com linhas que trazem o futuro para o presente, ele ainda tem o “k” como diferencial. O “k” quer dizer que a máquina é turbo alimentada, e se uma Mercedes normal passa muito dos duzentos, imagine o que acontece com uma turbo.

Pois foi uma destas que a mãe de um amigo meu decidiu comprar.

Uma bela manhã ela entra no escritório do filho, senta-se na sua frente, e com toda a calma do mundo diz que resolveu trocar de carro. Conhecendo a mãe que tem, meu amigo nem discutiu, simplesmente perguntou que carro ela queria.

A resposta foi acachapante: uma Mercedes “Slk”.
– Mas mamãe, a “Slk” é um carro de dois lugares. Como é que a senhora vai andar com o motorista?

Só que a senhora não pretendia andar com motorista. Sua intenção era guiar a máquina e viajar para a fazenda, levando junto uma amiga.

Desnorteado o filho ainda tentou argumentar:
– Mamãe, pelo menos compre uma Mercedes 4 portas. É mais confortável.

A resposta veio direta, afiada feito uma navalha:
– Meu filho carro 4 portas é carro de velho…
Detalhe, a mãe do meu amigo tem 79 anos e sua amiga 82.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.