Amoras e jabuticabas

O tempo é de fartura. As amoras e as jabuticabas estão quase na boca, amadurecendo nos galhos, prontas para chegar.

Quem gosta de amora e de jabuticaba tem pela frente o grande momento do ano. O instante em que as frutas maduras se oferecem inteiras, para pássaros e gente, no banquete maravilhoso que vai se abrindo na velocidade de cada árvore, o que faz que aqui as amoras cheguem antes e ali as jabuticabas ganhem a corrida.

Não tenho certeza da árvore genealógica das amoras, se são nativas ou não, mas me parece que foram trazidas para cá, arrancadas de solo mais frio onde nascem naturalmente.

As jabuticabas são autóctones e, mais do que isso, suas árvores só nascem em determinadas regiões do imenso território brasileiro. Não adianta procurá-las em qualquer canto, elas não estão, nem estarão, ainda que em matas nativas, nos locais onde a natureza não as colocou.

Tem quem goste de jabuticaba, tem quem goste de amora… eu gosto de jabuticaba e gosto de amora, ainda mais as colhidas no pé e comidas na hora. Elas têm outro gosto.

Jabuticaba tem gosto de infância na fazenda. Quando as fazendas tinham grandes pomares e as jabuticabas eram obrigatórias em volta da casa da sede.

As amoras são mais urbanas. Não são essenciais nos pomares das fazendas antigas, onde nem sei se eram conhecidas. Provavelmente não.

Tanto faz! Em volta da minha casa tem amora e tem jabuticaba. Então, é deixá-las amadurecer para fazer a festa e me empanturrar com as duas frutas, colhidas diretamente dos galhos e comidas ao pé da árvore.

Como se não bastasse, as jabuticabas e as amoras maduras trazem outra certeza: as pitangas estão a caminho.

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