Fotos antigas
[Crônica do dia 24 de abril de 2009]
De vez em quando, alguém envia um e-mail com um arquivo de fotos antigas, relembrando os bons tempos que não voltam mais. Confesso que me comovo com as fotos, mas não quero a volta do passado. O mundo anda pra frente, o que passou, passou. Não volta mais, nem tem que voltar, exceto para relembrar uma época em que a vida correu mais fácil, ou mais difícil, porque as boas lembranças não são apenas as que falam de tempos bons.
Ver a vida correndo no ritmo acelerado dos anos 1940 e 1950 é comovente. Como é comovente ver a cidade no final do século 19, ainda com ar de vila do interior, sem malícia nas paisagens simples, nas ruas sendo calçadas, nos primeiros bondes, puxados por burros.
São Paulo, a cidade que mais cresce no mundo. Quanto orgulho na frase que hoje cobra um preço desabusado de cada um de nós, que moramos aqui.
Se soubéssemos naquele tempo o que sabemos agora, não teríamos feito as loucuras que desaguaram na metrópole inviável da primeira década do século 21. Ou teríamos? Será que é possível mudar os fatos, alterar a história, deixá-la sempre com final feliz?
Se está tudo escrito nas estrelas, então é perda de tempo. Nos resta olhar as fotos com carinho e lembrar que a vida já correu mais mansa, ainda que anunciada como a mais rápida do mundo.
Fica a sensação gostosa de uma vida bem aproveitada, vivida intensamente, com seus momentos bons e ruins. Com chegadas e partidas. Com saudades.
Mas sem querer a volta do passado porque o que passou, passou. Não tem como mudar, nem viver de novo.
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