Irritação coletiva
É apavorante, mas há um surto internacional de irritação coletiva. O problema transcende as fronteiras nacionais e se espalha ao redor do mundo, com pegada mais forte na guerra da Ucrânia.
Mas não é apenas lá que as coisas estão pegando fogo. É rara a semana que não acontece um tiroteio com mortos e feridos nos Estados Unidos. É verdade que, para não ficar atrás, aqui também vamos vendo cenas inusitadas e inimagináveis acontecendo com enorme regularidade.
Que o digam o cidadão que esfaqueou e matou dentro de um ônibus, o procurador que espancou a chefe no gabinete de trabalho e o camarada que, depois de um encontrão no banheiro de uma boate, foi até seu carro e voltou armado e atirando, todos no Estado de São Paulo.
No trânsito, outro dia, vivi uma cena inédita. O camarada parou em cima da faixa de pedestre. O semáforo estava fechado para ele e, ainda assim, mandou eu passar rápido porque ele estava com pressa.
Motoqueiros e ciclistas na contramão é rotina. O que é mais espantoso é que, além de transitarem na contramão, seguem pelas calçadas, como se fossem vias exclusivas para eles.
Mas tem mais. As pessoas entram no elevador, apertam o andar que querem ir e não se preocupam se a porta começa a fechar antes que todos que também desejam entrar consigam fazê-lo.
Furar fila é a rotina. E, se você reclama, corre o risco de ser agredido porque o cidadão se acha no direito de furar e é um absurdo você questionar os direitos dele.
Mudar de faixa sem dar sinal não assusta mais ninguém, da mesma forma que nas esquinas é importante prestar atenção porque o motorista da pista à sua esquerda pode entrar à direita. Fique calmo.
Voltar para casa já é um ato de heroísmo. Ficar vivo não tem preço.
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