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Irritação coletiva

É apavorante, mas há um surto internacional de irritação coletiva. O problema transcende as fronteiras nacionais e se espalha ao redor do mundo, com pegada mais forte na guerra da Ucrânia.

Mas não é apenas lá que as coisas estão pegando fogo. É rara a semana que não acontece um tiroteio com mortos e feridos nos Estados Unidos. É verdade que, para não ficar atrás, aqui também vamos vendo cenas inusitadas e inimagináveis acontecendo com enorme regularidade.

Que o digam o cidadão que esfaqueou e matou dentro de um ônibus, o procurador que espancou a chefe no gabinete de trabalho e o camarada que, depois de um encontrão no banheiro de uma boate, foi até seu carro e voltou armado e atirando, todos no Estado de São Paulo.

No trânsito, outro dia, vivi uma cena inédita. O camarada parou em cima da faixa de pedestre. O semáforo estava fechado para ele e, ainda assim, mandou eu passar rápido porque ele estava com pressa.

Motoqueiros e ciclistas na contramão é rotina. O que é mais espantoso é que, além de transitarem na contramão, seguem pelas calçadas, como se fossem vias exclusivas para eles.

Mas tem mais. As pessoas entram no elevador, apertam o andar que querem ir e não se preocupam se a porta começa a fechar antes que todos que também desejam entrar consigam fazê-lo.

Furar fila é a rotina. E, se você reclama, corre o risco de ser agredido porque o cidadão se acha no direito de furar e é um absurdo você questionar os direitos dele.

Mudar de faixa sem dar sinal não assusta mais ninguém, da mesma forma que nas esquinas é importante prestar atenção porque o motorista da pista à sua esquerda pode entrar à direita. Fique calmo.
Voltar para casa já é um ato de heroísmo. Ficar vivo não tem preço.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.