A boçalidade de graça
O que leva alguém a atirar na cabeça de um ser humano que não o ameaça, ao contrário, está de mãos levantadas e colaborando com os bandidos? Foi o que aconteceu na Praça Beethoven, no Alto de Pinheiros.
Dois assaltantes emparelharam a moto com o carro dirigido pela vítima, anunciaram o assalto, a vítima não tentou fugir, colaborou, mas, mesmo assim, foi baleada na cabeça e morreu.
O que leva alguém a fazer isso? Atirar friamente na cabeça de uma pessoa rendida, sem condições de reagir, ou melhor, sem esboçar qualquer reação? Com certeza não é a crise, nem o desemprego, nem a fome, nem a desigualdade ou qualquer outro motivo de ordem social.
Uma coisa não tem nada ver com a outra. Justificar um assassino frio usando os milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade para a fome ou falta de moradia é desconsiderar essas pessoas e compará-las a assassinos, quando não é nada disso. Elas não têm qualquer relação ou ligação com atos covardes como esse. Estão na situação que estão não porque querem, mas porque o Brasil não lhes deu alternativa. Mas isso não significa que sejam criminosos. Não são e não podem servir de cortina de fumaça para justificar o injustificável.
Quanto ódio a pessoa que atirou carrega dentro de si! Quanta maldade gratuita, quanta violência destila dele! Existe gente cruel, gente capaz de cometer barbaridades inomináveis. A história da humanidade está cheia delas, mas também não justificam o que aconteceu no Alto de Pinheiros.
Crimes brutais como esse não podem ficar sem resposta, sem a apuração, identificação, prisão e condenação do assassino a uma longa pena, sem qualquer tipo de benefício ou progressão.
Meu amigo Renato Nalini diz que o Brasil prende muito e prende mal. É verdade, mas assassinos como esse não podem ficar soltos.
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