Uma nova teoria
[Crônica do dia 13 de setembro de 2010]
Durante muito tempo eu aceitei a teoria de que os pernilongos eram animais autóctones, saídos da Mata Atlântica com a missão atávica de nos infernizar a vida.
Mais que isso, aceitei e acreditei piamente que depois de um certo tempo de indefinições, coisa de 20 anos atrás, tinham chegado a um acordo com altas autoridades para que fosse utilizado contra eles um produto que parecesse veneno, mas que não lhes causasse dano algum. Pelo contrário, o ideal seria um esguicho de vitaminas balanceadas.
E que este acordo vinha sendo regularmente renovado, com todos os envolvidos, a saber, os próprios pernilongos, os fabricantes do hipotético veneno, os borrifadores do produto e as altas autoridades, contentes e satisfeitos com os resultados, ainda que esta não sendo a posição da maioria dos eleitores.
Por conta do folclore, eu dava como certo que a aproximação entre os pernilongos e os representantes do poder havia sido costurada num longo trabalho de bastidores pelo imperador dos Jacarés.
Personagem que ganhou notoriedade ao enviar seus súditos Rio Tietê acima, com a missão de levantar a melhor rota para atacarem o prefeito de São Paulo, e se possível devorá-lo, abrindo espaço para a tomada do poder pelo democrático soberano, que adotaria o Manual Bolivariano de Democracia e Perpetuação no Poder.
Mas parece que nada disso é verdade. Ou pelo menos está circulando uma nova teoria que afirma que os pernilongos são chineses disfarçados de mosquitos com a missão de tomarem conta do mundo sem os norte-americanos perceberem. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas pela quantidade, a teoria tem boa chance de ser verdade.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.