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Um fim melancólico

As eleições do dia 2 foram muito instrutivas. Não é o caso de falar no erro crasso dos institutos de pesquisa, uma vergonha que já foi abordada ao longo da semana passada, sob todos os ângulos, sem explicar muita coisa, exceto que elas não funcionam. Aliás, como nunca funcionaram. É só fazer um exercício de memória para se lembrar que nas outras eleições sempre foi a mesma coisa.

Mas a grande novidade, o dado fundamental para escrever o futuro político do país é o fim melancólico e sem emoção do PSDB. O outrora poderoso PSDB, o dono da chave do cofre, que deu as cartas durante décadas, para o bem ou para o mal, simplesmente derreteu, ou foi derretido, ao ponto de um bom político, com um passado importante, não conseguir se eleger deputado federal.

O partido foi secando, secando e secou. Não pagou placê, não deu para o cheiro, virou um partido nanico, entre os menores do país. É incrível, mas foi o que aconteceu. E a culpa pelo que aconteceu foi do partido, ou de seus integrantes, que decidiram fazer o que não se faz em política, com os resultados lógicos que premiam quem faz o que não se faz em política.

Derreteu que nem quiabo em fogo alto. Sua história, daqui pra frente, será apenas história, até porque em política não tem vácuo. Quem comeu, comeu; quem não comeu, não come mais. Acabou o angu.
É triste, mas o fenômeno não é exclusivamente nacional. Os socialistas estão melancolicamente em baixa, aqui pegou mais fundo e o resultado é que o PSDB só elegeu três deputados por São Paulo.

Um dia alguém gritou “o rei está nu” e a vaca foi pro brejo. Olhando bem, o próprio partido se implodiu. Venceu a ganância, a politicagem; perdeu o partido e seus bons elementos. Com seu encolhimento, acaba-se uma longa história. O rei morreu, viva o rei.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.