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A polarização é burra

Estou mexendo em vespeiro, gente de todos os lados vai ficar brava, mas não tem como ficar quieto. Pouca coisa é mais estúpida do que a polarização que tomou conta do mundo e que cresce dia a dia no Brasil.

Nada contra ideias antagônicas, posições divergentes, experiências com resultados opostos, vidas que correm para o outro lado etc.

Faz parte do sucesso da democracia como regime político. A discussão dos pontos de vista, das demandas, das diferenças são o combustível para se chegar ao entendimento e ao modelo operacional que viabiliza as diferentes necessidades e possibilita o ponto comum que todos respeitam e em nome do qual abrem mão de parte de suas exigências, de seus exageros, trazendo a discussão para o factível, no lugar da briga que não leva a nada.

O que não tem sentido é a polarização burra que não ouve os argumentos do outro lado, como se alguém tivesse a verdade divina revelada em documento com firma reconhecida em cartório.

O grau de ebulição está tão alto que é comum se ouvir coisas do tipo “apesar de você não votar nele, nós ainda te amamos muito, afinal, você é da família.”
Não, não é exagero. A coisa está nesse nível e eu já vi amigos da vida inteira brigarem e se xingarem porque um vai para um lado e o outro para o outro.

Tancredo Neves dizia que em política só bobo briga. Acredite, é verdade. Enquanto você, em nome de seu ídolo, está disposto a matar o mundo ou a morrer por engano numa briga sem sentido, os líderes, que você julga inimigos, estão no bem bom de suas poltronas, ouvindo forró e bebendo juntos o uísque do final da tarde. Pense nisso. Brigar é estúpido. Se você ainda não descobriu, os políticos sabem disso faz tempo.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.