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A vida anda

A vida não foi criada para ser fácil, foi criada para ser vida. Não há vida fácil. Quem disser que a vida é fácil ou não entende nada ou é um mentiroso. A vida é a vida e ela pega, mais ou menos, mas pega, mais cedo ou mais tarde. Ninguém escapa.

A gente nasce, cresce, vive e morre. Uns vivem melhor do que os outros, uns aproveitam mais do que os outros, mas como julgar o que é melhor ou quem viveu melhor? Cada um sabe de si, o que é bom para ele pode não ser bom para você.

Ao longo do caminho, vamos conhecendo gente, nos aproximando, convivendo, nos afastando, esquecendo e sendo esquecidos. Muito tempo atrás, numa noite sozinho, no inverno alemão, escrevi para um amigo que, por mais que fizesse força, alguns rostos tinham desaparecido, eu não me lembrava mais deles, apesar de ainda lembrar dos nomes. Mas o mais triste não era eu ter esquecido, o mais triste era eu também ser esquecido.

A vida é assim. Damos valor para algumas coisas, outros dão valor para outras e, de repente, numa conversa à toa, alguém nos lembra alguma coisa esquecida faz tempo e a volta da lembrança é boa e quente.

Mas se nos aproximamos e nos afastamos regularmente de pessoas que por um breve momento interagiram conosco, às vezes, sem muito por quê, nos afastamos de gente querida da vida inteira. É triste, mas acontece por uma razão ou outra.

Pode ser a mudança de cidade, a mudança do trabalho, mas pode ser também alguma coisa que você não compreende e que acontece sem que você consiga impedir, por mais que você tente. A distância vai crescendo até que a separação se consolida e alguém que era importante deixa de fazer parte mais constante da sua vida. É triste ver um amigo sumir na distância, mas algumas vezes acontece.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.