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O bom é ter amigos ricos

Eu tenho um amigo muito, mas muito rico, que diz que bom é ter amigos ricos. Ele não tem barco, não tem avião, não tem helicóptero, não tem fazenda, nem casa na praia. Quem tem sãos os amigos dele. Ele não tem, não quer ter e não vai ter. Ter para quê? Se os amigos têm e te convidam, por que você vai arrumar dor de cabeça com brinquedos caros que só dão despesas?

Muito melhor ser amigo de quem tem e ser convidado para usar do que ter e ter que convidar os outros para usar o seu. Antes de tudo, custa muito mais barato.

Você sabe quanto custa um jato transcontinental? Ou um menor, que só voe pelo Brasil? Quanto custa um iate de 100 pés ou uma lancha de 35? Quanto custa um helicóptero de rodinhas? Uma casa em Angra dos Reis ou uma fazenda no interior de São Paulo?

Muito melhor ter amigos que têm do que ter e ter que convidar os amigos. E o problema não é comprar os brinquedos, essa parte é fácil. O caro mesmo é mantê-los. Pagar pilotos, marinheiros, funcionários treinados. Além disso, a mão de obra rural está cada dia mais cara e mais difícil.
Pra que perder tempo com isso? Ter dor de cabeça resolvendo problemas? Ter que importar a berimbeta do contra rotor da cauda ou a catravanca do leme esquerdo?

Pagar hangar, boia para atracar o barco, consertar trator, o vazamento da piscina ou a barragem do açude que está vazando no canto esquerdo e, quando você conserta esse vazamento, começa a vazar no canto direito…

É caro, é chato, dá trabalho, tira o gosto de aproveitar as coisas, faz ficar de mal humor e, ainda por cima, no fim, fica sem curtir a experiência porque teve que resolver os problemas. Muito melhor ter amigos e usar o deles. É mais gostoso, não dá dor de cabeça e é mais barato.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.