Vai rolar muita água
Pra quem acha que vai ser fácil, que o Brasil já chegou lá e tá tudo certo, um pouco de ponderação não faz mal. As coisas não funcionam assim. Os estragos que assolam o mundo são mais graves do que a gente pensa e nossa situação não é de fartura e riqueza.
A coisa está feia. O custo da energia na Europa está na casa do chapéu e o inverno está aí. Não é só a Ucrânia que vai passar frio. Os europeus em geral não terão um inverno quente e agradável, como estão habituados. Ao contrário, as medidas de economia já estão sendo adotadas e vão doer no bolso e na autoestima.
A inflação também corre solta e os números para 2023 não são bonitos para a maioria das nações. Tem quem diga que o Brasil tem uma grande oportunidade e que a crise mundial é nossa porta para atravessar a linha que nos mantém no subdesenvolvimento.
Pode ser, mas para isso vamos precisar de gestão da sintonia fina e isso não é fácil num país completamente dividido como o nosso. Temos problemas sérios que precisam ser enfrentados com urgência. Miséria, fome, falta de moradia, falta de recursos para a saúde, educação deficiente e segurança pública não podem esperar até amanhã, mas não temos dinheiro para sanear todos os perrengues.
Escolhas terão que ser feitas e elas são difíceis. Quando o cobertor é curto, alguém fica com os pés de fora e, se puxar para o outro lado, descobre a cabeça.
Não tem como fazer milagres, até porque Deus não é pródigo em distribuí-los e não há razão para o Brasil ficar melhor do que os outros. Nós fizemos muita besteira, então é preciso acertar a casa para depois começar a querer sair da toca com a cabeça erguida. Ou vamos com jeito ou o santo cai do andor e ele é de barro.
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