É fantástico… e verdadeiro

[Crônica do dia 15 de fevereiro de 1999]

A televisão nacional vem se ultrapassando dia a dia e colocando no ar programas no mínimo inusitados, não fosse a maioria deles ser completamente desnecessária.

Das novelas, que já foram boas, aos programas de auditório, a apelação é o mote e a situação tem degringolado de um tal jeito que o Secretário Especial dos Direitos Humanos entrou na dança, pedindo às emissoras que brequem a toada da carruagem e coloquem um pouco de ordem na bagunça.

O cenário, feitas as contas, é o mais triste possível e as suas consequências trágicas para todos os envolvidos, incluídos os programas que já foram sérios e que para se manter no páreo precisaram baixar de nível.

Não adianta dizer que a mania tem por base a programação popular porque isso não é verdade. Programas populares sempre existiram e sempre tiveram IBOPE alto, sem necessidade de descer para a grosseria mais baixa, como a que vemos atualmente.

Mas, se por um lado a coisa vai mal, pelo outro vai pior ainda. A televisão a cabo nacional, que está entre as mais caras do mundo, e deveria ter qualidade, consegue quase que ultrapassar as sandices apresentadas pela televisão aberta.

Faz algum tempo, escrevi uma crônica comentado um filme brasileiro, passado em Portugal, que tinha letreiros para traduzir a fala dos atores portugueses. Foi uma cena cômica, mesmo o filme não sendo uma comédia, o que deve ter feito o diretor se enfurecer, diga-se de passagem, com toda a razão.

Só que agora coisa foi mais longe ainda. O canal de filmes brasileiros da NET passou um filme brasileiro, dublado para o inglês, e com legendas em português, que, curiosamente, não eram a tradução correta da dublagem para o inglês.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.