Houve uma vez…
[Crônica do dia 29 de janeiro de 1999]
Houve uma vez, na distância dos milhões de séculos, um primeiro momento em que luz se fez e com ela o universo teve início na gigantesca explosão da vontade de Deus.
Houve uma vez em que um pequeno grão de pó, parte da essência divina, separou-se de uma fagulha perdida entre milhões de outras fagulhas, e girou ao redor dela, integrando-se à dança cósmica que une e dá sentido aos opostos do universo.
Houve uma vez nesse mísero grão em que a água se fez e com ela, dentro dela, com o passar das eras, a vida se fez, não num toque mágico, mas numa longa evolução de bilhões de anos.
E ao longo desse tempo o grão de pó por centenas de vezes mudou de jeito, com montanhas erodidas em vales e abismos se transformando em novas montanhas, balizando novos mares e dando os limites dos absurdos desertos onde a vida, ainda ontem, prosperava em novas espécies que agora o vento varre e a terra guarda, criando os fósseis que degeneram em petróleo e servem, gravados nas rochas, para contar dos tempos antigos às novas gerações.
Houve um tempo em que um novo horizonte trouxe um novo tempo e uma antiga forma evoluiu e descobriu a essência da vida na existência da alma e na adoração de Deus.
Houve um tempo em que o reino do homem se fez real, na crosta da terra, no fundo dos mares e na distância dos astros.
Houve sempre outro tempo que veio antes e que o homem precisa conhecer; que o homem precisa entender; que o homem precisa reviver.
Há agora este tempo que é a soma de todos os tempos e que nós vivemos atávica e diuturnamente, porque nosso destino é viver, cada dia melhor, cada dia mais intensamente, o milagre da vida que é cada instante que nós vivemos, cada momento que respiramos, cada átimo que pensamos.
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