O velho bom dia
O tema não é novo. Quem acompanha a crônica vai se lembrar que já escrevi sobre ele. Mas ele me fascina. O ser humano é especial, não existem dois iguais. Cada um é cada um e isso fica absolutamente claro nas mais singelas situações. Alguns se irritam com uma coisa, outros acham o máximo e em seguida esquecem, outros não prestam atenção, outros acham tão legal que adotam a ideia e a repetem como se fosse deles.
Quem sabe uma das formas mais simples de confirmar isso seja dizendo “bom dia”. O bom e velho “bom dia” que dizemos quando encontramos alguém antes do meio-dia.
Costumo fazer meu exercício de manhã cedo. Saio de casa e caminho entre quarenta minutos e uma hora, em primeiro lugar, porque gosto e, em segundo, porque ninguém faria meus exercícios por mim. Como, depois de uma certa idade, fazer ou não fazer exercício está diretamente ligado à qualidade de vida, ainda que não gostasse, eu faria minhas caminhadas, ao longo das quais amadureço vários temas que depois viram crônicas.
Entre meus hábitos está dizer “bom dia” para as pessoas com quem cruzo. As reações são fantásticas. É verdade, a maioria, atualmente, responde com outro “bom dia”, mas nem sempre foi assim. Teve tempo em que me olhavam com ar assustado, como se o meu “bom dia” fosse algo tão inesperado quanto um marciano caminhando pelas calçadas de São Paulo.
Hoje, as pessoas invariavelmente respondem e, o que é o melhor, abrem um sorriso amigo como se se alegrassem, agradecessem e realmente me desejassem um bom dia.
Mas tem os que não respondem e observá-los é um exercício de psicologia aplicada. Você diz “bom dia” e cada um, no seu silêncio, reage de um jeito. Um olha para baixo, outro faz que não ouviu, outro faz cara de bravo e por aí vai, numa longa sequência de reações imprevisíveis.
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