A CET tem interesse no caos

Quando eu estava na Faculdade de Direito, fui aluno do Professor Gofredo da Silva Telles, que iniciava uma de suas aulas dizendo que “a desordem é apenas uma ordem que não nos convém”. Levando o conceito do grande jurista para um patamar além, modifiquei sua frase lapidar para “o caos é apenas uma ordem que não nos convém”.

Se tomarmos São Paulo e a realidade de suas ruas, veremos que desordem é pouco para definir o que acontece nos milhares de quilômetros asfaltados, esburacados e de terra por onde trafegam e ficam parados milhões de veículos desesperados, pedindo ordem pelo amor de Deus.

Ordem que não está no manual da CET, ao contrário, a Companhia de Engenharia de Tráfego não quer ouvir falar em ordem, nem em desordem. São conceitos estreitos demais para sua grandeza perversa, para sua incompetência internacionalmente reconhecida através da outorga do diploma de “mais incompetente empresa pública ocidental”, em torneio internacional, promovido pelos maiores institutos de pesquisas da Europa, África e Américas.

A CET navega muito além da ordem ou da desordem. Seus parâmetros são o caos, o instante na história do universo em que, logo depois do Big Bang, as massas resultantes da explosão ainda estavam buscando seus alinhamentos e não havia um movimento sistêmico para, através das diversas forças gravitacionais, dar equilíbrio ao conjunto.

Todos os dias, a CET se esforça para recriar esse momento único da história do universo e fazer de São Paulo a depositária do caos inicial, o caos absoluto que, num breve milissegundo, deu origem à dança fantástica dos astros.

E todos os dias ela se supera e se aproxima de seu objetivo. Infelizmente, quem paga o preço somos nós, moradores da cidade.