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O violoncelo no réveillon

Reveillon é barulho, gritaria, música alta, festa para mais de metro, puxando uma alegria que pode ser que seja, como pode ser que não seja, porque o ano que vem tem que ser melhor que o ano que acaba.
Feliz ano novo, muita sorte, tudo de bom, saúde, paz, realizações, sucesso e felicidade de amanhã em diante, de dia e de noite, por todo o ano que vem!

O ponto alto são os estouros dos fogos. Quanto mais forte, melhor. Doze tiros de canhão, morteiro ou outro que faça bastante barulho

É verdade, os pets ficam alucinados, mas o que é um pet alucinado diante da possibilidade de fazer barulho e estourar fogos? Tem gente que não tem sensibilidade, mas fazer o quê? É assim que o mundo gira.

Então réveillon bom, réveillon da hora é aquele que tem fogos, barulho e gritaria.

Ou não. Pode ser diferente, apesar do diferente ser inusitado, como o jovem tocando violoncelo na calçada em frente do apartamento, no Guarujá.

Era fim de tarde. Eu voltava da minha caminhada na praia e, quando cheguei na escada para a calçada, ouvi o som delicado de uma música clássica no lugar do funk e do sertanejo que são normalmente as marcas registradas da festa.

Olhei em volta e dei com um jovem com um violoncelo e uma caixa de som de onde saia o som suave, tranquilizador e civilizado da música clássica, abrindo todas as possibilidades de felicidade e alegria, como o contraponto para as caixas de som que infernizam a vida das pessoas que só querem ir à praia.

Tem quem goste, tem quem não goste, mas, naquele final de tarde, o violoncelo prometia para 2023 um mundo melhor e menos violento, pessoas menos irritadas, gestos amigos e paz, muita paz, para as pessoas de boa vontade. Para quem sabe que a vida pode ser muito melhor.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

 

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.