Duas certezas
Confesso que eu só tenho duas certezas. A primeira é que todos nós, mais dia, menos dia, vamos morrer e a segunda é a absoluta incerteza sobre todas as certezas sobre o futuro.
Morrer é tão certo quanto nascer e nascer não mais do que o primeiro passo em direção à morte. Como diz um amigo, “a gente nasce, cresce, fica bobo, casa, envelhece e depois morre”. Ou não. Tem os que não passam por todo o processo por vontade própria e os que abandonam o barco antes da hora, por força do destino.
Os gregos diziam que a vida está nas mãos das três Parcas: uma fia, a outra determina o tamanho e a terceira corta o fio das nossas vidas. A vela se acende e se apaga, na maior parte das vezes independente de nós.
Mas se morrer é uma certeza, que então a morte venha como acontece com os que por alguma razão Deus gosta, misericordiosa, num ataque fulminante que a gente não sente, ou dormindo – como diz o caipira “acordou morto”.
A outra certeza é tão certa quanto a morte. Eu tenho a mais absoluta dúvida sobre as afirmações peremptórias a respeito do futuro “vai ser assim” ou “vai se assado”.
“Vocês irão se arrepender porque o fogo dos céus vai cair nas suas cabeças.”
Ora, se nos dias de hoje nem o passado é certo, como garantir o futuro? Quem imaginaria que as estátuas de Lenin seriam derrubadas? Que o General Lee deixaria o centro das praças dos Estados Confederados? Que a história do mundo seria recontada de outro jeito?
Pois é. Aceite o presente e aprenda com seu passado, mas não acredite em quem disser que sabe o futuro. O único que sabe essas coisas é o Criador e ele não deu procuração para ninguém falar em seu nome.
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