20 mil garimpeiros
Ninguém discute, a situação dos Yanomami, em Roraima, é vergonhosa, para dizer o mínimo. Todo brasileiro, vendo as cenas apavorantes dos indígenas morrendo à míngua e ouvindo as informações do que eles estão passando, sem alimentos, sem medicamento, sem assistência, obrigatoriamente tem que sentir vergonha e se indignar com o quadro.
Mas a coisa é mais complicada do que parece. Sem tirar a culpa do governo passado pelo agravamento da situação, nem de qualquer forma tentar defendê-lo, vale lembrar que os Yanomami são alvo de abandono e maus-tratos desde a década de 1970.
O quadro se agravou ainda mais? Sem dúvida, as provas são neste sentido, mas como era antes do que está sendo mostrado agora? Será que eles tinham o paraíso na terra? Não, não tinham e pouca gente se preocupava com eles.
Ainda bem que agora começaram a se preocupar, mas essa preocupação precisa ir além da política e do “pra inglês ver”. Tem que ser uma obra para resolver o problema definitivamente e dar dignidade aos Yanomami, porque são seres humanos, são brasileiros como você e eu.
O problema é que resolver o problema da forma que estão fazendo vai gerar um outro problema, pelo menos tão sério quanto a realidade apavorante dos indígenas à beira da morte.
A região está ocupada por vinte mil garimpeiros. É mais do que a população de vários municípios. Expulsá-los, sem ter um plano para realocá-los e inseri-los na sociedade, só vai agravar o quadro, até porque, por necessidade, eles invadirão outras reservas e seguirão suas vidas, no ritmo visto na terra Yanomami. Não basta expulsá-los. Essa é a parte fácil. O complicado é dar a eles condições de vida para não dependerem do crime organizado e não fazerem mais o que fazem, da forma que fazem.
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