Boa viagem, Cau
O Cau morreu. Meu amigo Cau Pimentel saiu dessa vida e foi alegrar o Paraíso com seu jeito especial de ser, sua bondade, seu talento para amizade, sua música e sua enorme capacidade de ser doce.
A melhor definição do Cau é essa: ele era doce. Doce na forma de levar a vida, de olhar em volta, de falar, de se aproximar e cultivar suas amizades.
O Cau tinha os olhos doces porque tinha a alma doce. Os olhos são os espelhos da alma e a alma do Cau brilhava nos seus olhos, refletindo o jeito especial com que ele olhava o mundo, com que ele olhava as pessoas e o carinho que ele tinha por elas.
Os olhos do Cau falavam de coisas boas, de sentimentos quentes, de amizade, amor, carinho e ternura. Falavam do lado bonito da vida e mostravam que ele existe e pode ser melhor do que a gente pensa.
O Cau foi meu amigo e companheiro de aventuras durante muitos anos. Desde a época que conheci seu irmão, Cláudio, na Faculdade de Direito, e comecei a frequentar a casa do Alto de Pinheiros.
A casa do Professor Manoel Pedro Pimentel era um lugar mágico, ponto de encontro de todas as vertentes, recebidas de braços abertos pelo Professor que, antes de tudo, era um homem, no sentido amplo da palavra.
Lá a música tinha lugar de destaque. E o Cau e sua música tinham lugar de destaque. Se o Cau não tivesse feito mais nada, sua composição “Verso Novo” pagaria seu preço, mas ele fez muito mais e fez bem-feito, na capacidade de gostar das pessoas e abrir o coração para elas.
Quando recebi a notícia da sua morte, a primeira imagem que me veio à mente foi uma fotografia do Cau na sua pose sempre elegante, com Portofino ao fundo. Então eu percebi que isso também era o Cau. Mas o Cau era mais. O Cau era amizade, ternura feita gesto de encontro, mão estendida e um jeito doce de falar, explicando que a vida é mais especial do que as palavras conseguem dizer.
Vai, Cau, boa viagem para a eternidade! E até o nosso reencontro!
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