As flores do largo do Arouche
[Crônica do dia 28 de julho de 2021]
Mesmo decadente, o largo do Arouche continua uma das regiões mais bonitas da cidade e só isso já é uma enorme vantagem na comparação entre suas bancas de flores e as bancas de flores próximas ao cemitério do Araçá.
A avenida Dr. Arnaldo já foi uma avenida bonita, não é mais. E o muro do cemitério, mesmo escondido pelas bancas de flores, é muito mais feio do que os jardins, ainda que maltratados, do largo do centro da cidade.
Mas não é só isso que faz a diferença. As bancas de flores do largo do Arouche são mais amplas, mas claras e mais bem montadas do que as bancas do cemitério do Araçá. Assim, mesmo as duas regiões estando entre o que São Paulo tem mais típico e alegre, as bancas do largo do Arouche são, no conjunto, muito mais bonitas do que suas rivais da avenida Dr. Arnaldo.
Além disso, na média, não sei por que, os vendedores do largo do Arouche são mais simpáticos, mais atenciosos. Quem sabe seja porque estão mais longe dos consumidores potenciais, quem sabe seja porque, por estarem no largo, guardem uma tradição de boa educação que vai se evaporando inclusive da lembrança.
De qualquer jeito, o fato é que as bancas de flores do Largo do Arouche são mais aconchegantes e mais gostosas para se comprar flores do que as bancas da avenida Dr. Arnaldo.
Pena que o centro velho esteja entregue às moscas e que por isso elas tenham ficado fora de mão, longe, até para quem gosta de comprar flores e entrega-las em mãos.
É verdade, mandar flores pela floricultura tem o encanto do inusitado, da surpresa, e isso é muito bom, mas entrega-las pessoalmente abre todas as possibilidades que vivem dentro de uma orquídea, e que explodem no brilho que nasce nos olhos da amada.
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