A volta do capoeirão
[Crônica do dia 9 de abril de 2001]
O projeto Pomar é um tal sucesso que prefeitura decidiu ampliá-lo, espalhando sua ideia para outras áreas da cidade, mais ou menos próximas das margens do rio Pinheiros, onde o projeto vai sendo implantado.
Entre estas novas áreas separadas para recriar a vegetação e a fauna coloniais, uma das mais bem sucedidas é a praça Vicente Rodrigues. A praça Vicente Rodrigues é uma praça redonda que serve para organizar o trânsito na região do Butantã, perto da USP.
Eu já contei dela mais de uma vez porque bem no seu meio tem plantada uma paineira linda, criando um contraste fascinante com as quaresmeiras em volta, especialmente no outono, quando a paineira fica florida, se vingando da florada das quaresmeiras, que acontece nos meses de verão.
A praça Vicente Rodrigues já serviu para muita coisa, além, evidentemente, de ser praça. Foi canteiro de flores, na época que era só uma praça, foi depósito de carrocinhas de catadores de papel, quando começou a deixar de ser praça, foi dormitório dos donos das carrocinhas de papel e de moradores de rua que gostavam de seus bancos de concreto, mais confortáveis como camas do que como bancos.
Também serviu, e ainda serve, de poleiro para uma infinidade de pássaros, desde sabiás, até papagaios, passando por periquitos, rolinhas e pardais.
Pois agora a praça Vicente Rodrigues está servindo para um uso que ninguém nunca imaginou que ela se prestasse. Ela está se transformando rapidamente num capoeirão de mato, exatamente igual aos que existiam em volta de São Paulo ao longo da época colonial.
Com a paineira e as quaresmeiras cercadas pelo capim e pelo mato alto, é de se esperar inclusive que alguns animais se mudem para lá, completando o cenário e dando um novo sentido para casa do Bandeirante. É esperar para ver.
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