A volta das paineiras
As paineiras sabem que não vão ganhar pela quantidade, não tem como. Tem mais ipês e quaresmeiras plantadas na cidade, então elas precisam correr por outro lado.
E elas fazem isso tirando da manga seu grande truque, a beleza de sua florada intensamente colorida, com seu rosa especial, que vai de forte a bem leve e enfeita o pedaço como se fosse um trecho do paraíso.
Este ano elas decidiram entrar em cena antes da hora. Não sei se tem interferência das mudanças climáticas ou se as paineiras trazem uma mensagem cifrada que a NASA, a CIA e a KGB estão tentando entender, mas que até agora é tão indecifrável como a escrita dos incas.
Elas chegarem antes da hora tem consequências ainda não completamente mapeadas, mas será que pode ser um aviso para o aumento dos tsunamis na Ásia? Será uma mensagem de esperança, mostrando que a natureza dá e toma, mas também enfeita e que as flores este ano terão um comportamento especial?
Não sei. Não é minha área de estudo. As floradas fazem parte do meu dia a dia, mas apenas como leigo que gosta de flores, não como cientista enfiado nos mistérios naturais, conhecedor da verdade das raízes e do fluxo secreto da seiva.
Para mim o que importa é que as paineiras estão chegando e dando seu recado. Estão intensamente floridas e algumas delas se superam, emprestando sua beleza exótica para um trecho da Marginal do Pinheiros ou um canteiro ao lado da Ponte Cidade Jardim.
Nesta hora, o caos das ruas, a incompetência da CET, a falta de solidariedade de alguns motoristas perde qualquer importância. Ficar parado no trânsito deixa de ser ruim porque as flores das paineiras apagam o feio e o mal feito que entristece o mundo.
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