Obrigado pela sua ligação

[Crônica do dia 24 de setembro de 2002]

Pode parecer incrível, mas não é. Você telefona para o zero oitocentos que não é um zero oitocentos de uma das operadoras de TV a cabo de São Paulo, evidentemente para reclamar, reclama, e a moça agradece a sua ligação em nome da operadora.

Consertar que é bom, nem pensar. Não conserta mesmo e não faz o desconto automático na prestação do mês que vem, do tempo que você ficou sem televisão e sem uma alternativa de assistir aos canais abertos, porque você acredita no progresso e não tem mais antena interna para sintonizá-los sem precisar do cabo pifado.

O conserto fica para quando Deus for servido, porque o muito obrigado por ter ligado para reclamar supre todas as outras eventuais falhas, inclusive sua televisão ficar fora do ar por um ou dois dias.

Poucas empresas, exceto as companhias de aviação, que não vão tendo um desempenho muito melhor do que as tvs a cabo, são tão arrogantes e prepotentes como elas.

Como se não precisassem dos clientes que pagam religiosamente suas mensalidades, que chegam à beira do assalto pela qualidade do que passa em todas as dezenas de canais a disposição, as operadoras de tv a cabo se dão ao luxo de pouco se importarem em melhorar o atendimento.

A melhora fica por conta do zero oitocentos que não é zero oitocentos, que, hoje, quando não te deixa esperando mais de 20 minutos, ou até você perder a paciência e desligar, tem do outro lado da linha uma moça muito simpática, mas que não sabe nada, nem pode informar nada, para responder que a operadora agradece você telefonar reclamando.

É bom telefonar reclamando. Faz bem para o fígado, mas não faz a televisão funcionar, o que não quer dizer muita coisa, porque se, depois que ela for consertada, você telefonar pedindo, eles debitam o tempo que você ficou sem televisão da próxima conta. Quer dizer… eles dizem que debitam. Vamos esperar.

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