Sonho possível?
O Centro Velho poderia ser das regiões mais bonitas da cidade. As construções, a maioria da primeira metade do século, têm caráter. São diferentes, com desenhos únicos que vão de antigos palácios árabes a prédios romanos, passando por colunatas dórias, entrelaçadas em janelas góticas, que cedem espaço para mansardas inimagináveis nos telhados que entram em saem, entrecortando a construção.
Aqui, um imenso chalé alpino, ali, um edifício maciçamente encaixado no solo, como o sólido cofre de um banco galáctico. Pouco mais pra frente, um prédio segue as linhas de um edifício de Nova Iorque, enquanto outro lembra os prédios de Paris, só que mais alto e ricamente adornado com figuras penduradas em suas paredes.
No Largo de São Francisco, o edifício da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado ocupa toda a parte de cima, criando o contraponto para o prédio pesado da Faculdade Direito, que substituiu o antigo mosteiro onde a antiga faculdade funcionou por tantos anos.
Ao seu lado, as duas igrejas de São Francisco contam de uma São Paulo antiga, na qual as igrejas tinham importância no embelezamento da cidade feia e pobre que predominou até o fim do século 19.
Além delas, Santo Antonio, São Bento, reconstruída no começo do século 20, e a igreja do Colégio e seu pátio, sombreado pelo prédio da Secretaria da Justiça e seu irmão gêmeo.
Imponente no alto da colina, a Catedral divide o horizonte com o maravilhoso prédio do Tribunal de Justiça, velando pela lei, a moral, a dignidade e a civilização. Hoje está tudo adormecido, sujo, malcuidado. A beleza e seu brilho foram sufocados pelo abandono. Os edifícios são buracos onde somem automóveis. Os antigos restaurantes sumiram. Mas, se tiver vontade, o Centro Velho está pronto para despertar.
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