Com a ajuda do governo

[Crônica de 30 de agosto de 1999]

São Paulo, ao longo dos últimos anos, se transformou no mais importante centro cultural latino-americano e, com certeza, num dos mais importantes do mundo.

A arte em suas mais diversas formas encontra na cidade, muito mais do que um porto tranquilo, uma usina em permanente ebulição, gerando novos temas e novas abordagens dos temas antigos, feitas de forma tradicional ou vanguardista, com influência dos mais diversos segmentos, de todas as áreas da criação humana.

Mural enorme com obras de todas as tendências, de todas as épocas e feitas com todos os materiais, a metrópole é um mundo com vida própria, aberta ao novo e ao inesperado, com a mesma voracidade que recebe o clássico.

Os espaços permanentemente se multiplicam em centenas de outros espaços inesperados, nas mais diversas regiões, com os mais estranhos matizes, nos locais menos prováveis ou lógicos, como se a criação fosse uma doença, uma praga, que se propaga em velocidade vertiginosa, contaminando a vida com um vírus diferente, um vírus que constrói e gera beleza.

São Paulo é arte. Desde os detalhes escondidos no centro velho, nas fachadas dos prédios deteriorados, ou num vitral do século passado ainda pendurado no casarão aos pedaços no fundo dos Campos Elísios, até a moderníssima Sala São Paulo no complexo Júlio Prestes, a cidade vive e transpira as mais diversas formas de arte, 24 horas por dia.

E o fantástico, o inusitado, é que nesta área todos somam, mesmo sendo ela altamente sujeita aos impulsos e as vaidades que não acrescentam muito a nenhum capo do conhecimento humano.

Curiosamente, prefeitura e estado abrem, recuperam, reconstroem, incentivam e dignificam todos os tipos de movimento artístico, dando para os cidadãos estressados pelo cotidiano alucinado alguns momentos de calma ou beleza, para checar o eu, relaxar um pouco e tocar em frente de novo.

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