Você tem um epirb na sala?

[Crônica de 23 de dezembro de 2013]

Você tem um Epirb na sala? Como? Você não sabe se tem porque não sabe o que é um epirb? Como diria o cangaceiro, não se avexe, até pouco tempo atrás eu também não sabia o que é um epirb.

Mais ainda, nunca tinha escutado o termo e, se me perguntassem, ficaria ofendido porque, de saída, parece coisa feia.

Mas não é. O epirb é um equipamento obrigatório para todas as embarcações de um determinado tamanho em diante. É um sinalizador que fica boiando em cima do local do naufrágio e que emite um sinal, captado por um satélite, que dá a localização exata da embarcação acidentada.

Quem me contou isso, na época da retirada do Mar Sem Fim do fundo do mar na Antártida, foi o João Lara e o Plínio Romeiro, minhas duas fontes mais confiáveis em matéria de assuntos náuticos.

Por que a pergunta “se você tem um epirb na sala”? Porque eu tenho. Ganhei de presente do João Lara o epirb do Mar Sem Fim, recuperado com a reflutuação do barco, depois de um ano no fundo do mar.

É um equipamento interessante, composto de uma caixa amarela, com uma antena negra e um longo carretel de linha. Em homenagem ao João e à sua saga, coloquei o epirb na estante de minha sala de TV.

Mas o mundo gira e agora estou convencido de que, além de um enfeite, eu tenho na sala um equipamento que pode vir a ser muito útil no caso de uma tragédia, inesperada, mas possível, em função da incompetência que vai tomando conta da administração municipal paulistana.

Como com certeza os rios não estão desassoreados, os piscinões estão sujos e os bueiros entupidos, não há nada que garanta que o Butantã não volte a inundar. Aí, um epirb pode fazer a diferença.

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