Lajedinho e outras histórias

[Crônica de 17 de dezembro de 2013]

Pouca gente tinha ouvido falar de Lajedinho, uma pequena cidade no interior da Bahia, na Chapada Diamantina. De repente, sem aviso prévio, Lajedinho entrou na mídia, arrasada pelas chuvas torrenciais que caíram na região.

Mortos, feridos, a cidade destruída, transformada numa enorme ruína coberta de lama e a desolação dos moradores que perderam amigos, parentes e o mais que tinham.

O duro é que Lajedinho terá seus 15 minutos de fama e depois voltará a ser esquecida, como se a tragédia pudesse ser apagada tirando a cidade dos jornais.

Políticos farão declarações, correntes de solidariedade arrecadarão comida e roupas, o governo prometerá uma verba emergencial, as televisões mostrarão os habitantes morando em escolas, a ajuda chegando, depois será o silêncio.

Lajedinho voltará para seu esquecimento, com seus moradores mais pobres e mais sofridos, desencantados com a vida, escondidos no fim do mundo.

É assim faz tempo e assim continuará sendo pelos tempos a fora. Se a região serrana do Rio de Janeiro até hoje não recebeu a ajuda que necessita, o que dizer das pequenas cidades perdidas na imensidão do Brasil?

Sua sina é o sofrimento sem câmeras para mostrar a saudade dos mortos; a falta de tudo; a ausência de esperança; o conformismo.

Em pouco tempo ninguém se lembrará da cidade escondida no interior da Bahia. Em seu lugar surgirá outra, e outra, e outra, numa sequência cruel, espalhada pelos 4 cantos do país, unindo na destruição da chuva o povo dessa terra chamada Brasil. O povo sofrido e enganado deste continente que poderia ser maravilhoso, chamado Brasil.

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