O velho oeste é aqui
Os filmes de caubói estão meio fora de moda. Faz tempo que não aparece um megassucesso com cavalos correndo, caubóis atirando, gado sendo roubado, duelos no meio das ruas e saloons esfumaçados, onde os grandes pistoleiros são mortos com balaços nas costas, enquanto jogam poker, bebem uísque e se distraem ou não se sentam nas cadeiras com as costas para a parede.
Tudo bem, não precisa ficar preocupado. A realidade se encarrega de substituir os filmes de caubói pelo dia da cidade grande, onde os roubos tomam conta das ruas e os furtos não geram nem Boletins de Ocorrência porque as vítimas sabem que invariavelmente não dão em nada.
Imagine uma rua com três roubos por dia. É inimaginável numa cidade civilizada. No entanto, em São Paulo acontece. E não numa quebrada perto do beco da garrafa quebrada, perdido numa região sem iluminação nas ruas esburacadas, mas onde o crime organizado mantém a ordem com regras muito mais rígidas do que a legislação penal e que as pessoas temem infringir.
A rua em questão é o cartão postal da cidade, a badalada Avenida Paulista dos museus e centros culturais, das bicicletas aos domingos, das passeatas e comemorações que animam a vida paulistana.
Tanto faz se por ela circulam turistas nacionais e internacionais. Aliás, para os ladrões é até melhor, porque as futuras vítimas não sabem os macetes para se proteger e imaginam que numa rua como a Avenida Paulista eles podem caminhar sossegados.
Não podem, mas isso eles aprendem na marra, depois de serem dominados por pequenos bandos que os cercam e atacam com mais ou menos violência, dependendo da reação.
O interessante é que a polícia sabe, mas, como acontece no Centro, sua ação é nula. Cadê os xerifes do oeste para colocarem ordem na cidade?
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