Semelhanças
[Crônica de 7 de dezembro de 2000]
As avenidas Indianápolis, Higienópolis, Jabaquara, Sumaré, Cidade Jardim, Rebouças, Bandeirantes, Juscelino Kubitschek, têm pelo menos, quase sempre, duas coisas em comum, que as fazem indubitavelmente primas e próximas.
É a mesma semelhança encontrada entre as ruas Sabará, Fradique Coutinho, Aspicuelta, Arnolfo Azevedo e a praça na frente do Estádio do Pacaembu.
Quase todas estão esburacadas e todas têm sinais de trânsito sem qualquer sincronização.
Seus semáforos sempre fecham numa sucessão perfeita em sentido inverso ao que deveriam funcionar. Quer dizer, o primeiro abre o seguinte fecha e assim sucessivamente, até o fim da rua, que cai em outra onde o fenômeno se repete.
E pode ser qualquer outra, sem preferência ou favoritismo. Os semáforos de São Paulo desistiram de obedecer aos técnicos encarregados de programá-los e, já faz tempo, só fazem o que querem.
Seja semáforo inteligente, seja semáforo menos inteligente, todos, todos mesmo, sempre que querem, não fazem o que os técnicos da CET querem e aí é só olhar o caos em volta e a lentidão em que as ruas de São Paulo escorrem para se ter certeza de que eles ganharam.
A única coisa que ainda não está clara é o porquê desta revolta ter tomado as proporções que tomou. Tem gente que diz que foi apenas a consequência natural de uma insubordinação crescente, que vinha se acentuando mês a mês, já faz alguns anos.
Outros dizem que foi a revolta natural de semáforos de bem contra o que vai acontecendo na atual gestão municipal e que a CET foi apenas a vítima, por ser mais fácil de ser atingida por eles.
Seja qual for a versão correta, o resultado tem sido trágico, repetindo aquele velho ditado que diz: “se o pote bate na pedra ou se a pedra bate no pote, é sempre pior para o pote”.
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