A Praça Pôr do Sol revisitada
[Crônica de 7 de dezembro de 2007]
É raro o dia que eu não passo por ela. De manhã ou de tarde, é quase certo eu ser figurinha carimbada, dirigindo em seu entorno, na ida ou na volta. E é raro o dia que não diminuo a velocidade, baixo a temperatura e aproveito para esquecer um pouco do stress, olhando uma das vistas mais bonitas de São Paulo.
A Praça Pôr do Sol é um lugar único. Como o nome diz, feito, ainda que sem querer, para se ver o pôr do sol na cidade. No começo era pouco conhecida, e os namorados mais bem informados sobre os segredos da região tinham, além do lugar deslumbrante e quase vazio, um instante de paz, vendo o fim do dia de mãos dadas.
Depois a praça ficou conhecida. Serviu de palco para shows populares que disseminaram os assaltos pelo bairro e a transformaram em ponto de encontro de todas as gentes, com venda de drogas, assaltos, hot dog completo, guinchos de seguradoras, policiais, garis e funcionários da prefeitura se misturando com centenas de pessoas que vão diariamente até lá.
Mas nem por isso eu me canso da Praça Pôr do Sol. Posso sentir pena, vendo-a descaracterizada, mal cuidada e suja. Mas continuo amando o lugar e achando a praça uma das quebradas mais belas de toda a cidade.
Tanto faz se não é a praça de 35 anos atrás. Tanto faz se a cidade também mudou e para pior. Tanto faz todos os tantos fazes, o importante é que a Praça Pôr do Sol continua, nas tardes de sol, atraindo seu público que vai lá esquecer da vida, pelo menos na chegada da noite, vendo o último movimento da sinfonia do sol mudar a cor da terra. E durante o dia, seu verde denso e múltiplo, também vale a pena.
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